LDU vence Palmeiras por 3 a 0 e Renata Ruel defende decisões polêmicas da arbitragem
out, 28 2025
Na noite de quinta-feira, 23 de outubro de 2025, o LDU Quito derrotou o Sociedade Esportiva Palmeiras por 3 a 0 no Estádio Rodrigo Paz Delgado, em Quito, Equador — um dos estádios mais altos do mundo, a 2.850 metros acima do nível do mar. O resultado, que colocou os equatorianos na vantagem na semifinal da Copa CONMEBOL LibertadoresQuito, foi marcado por decisões polêmicas que dividiram torcedores... mas que, segundo a especialista em arbitragem Renata Ruel, estavam corretas. Ela, que atua como analista da ESPN Brasil desde 2020 e já coordenou a arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), desmontou na TV os principais lances que geraram revolta entre os palmeirenses — e explicou por que o árbitro argentino Facundo Tello não errou.
Penalty: o lance que virou o jogo
O primeiro gol do LDU, marcado por José Francisco Cevallos Villamil aos 15 minutos, já havia abalado o Palmeiras. Mas foi aos 25, quando o lateral Byron Quiñónez chutou da entrada da área e a bola desviou no braço esquerdo do meia Andreas Pereira, que a partida virou um pesadelo para os visitantes. A arbitragem marcou pênalti — e Hernán Barcos Alzugaray converteu. Milhares de torcedores do Palmeiras nas redes sociais gritaram: "Não é possível!". Mas Ruel, com imagens em câmera lenta, mostrou algo que muitos não viram: "A bola toca primeiro no ombro e depois desliza pelo braço esquerdo dele, bloqueando a passagem da bola. Se a arbitragem adota o critério de que o braço está aberto e interfere na trajetória, hoje isso é pênalti". Ela lembrou que, desde 2021, a IFAB (Conselho Internacional de Associações de Futebol) passou a considerar braços em posição natural, mas não em extensão deliberada. Pereira tinha o braço estendido, afastado do corpo — e a bola não teria passado.
Amarelo em Flaco López: o que realmente aconteceu
Na primeira chance do Palmeiras, aos 3 minutos, o atacante Gabriel Ignacio López, o "Flaco López", entrou com força em José Cevallos Gruezo. A chuteira passou pelo ombro do meio-campista equatoriano. A plateia explodiu em vaias. Os jogadores do LDU pediram vermelho. O árbitro, porém, deu amarelo. "Ele acerta sim, acaba levantando demais o pé e isso caracteriza jogo perigoso. Como acontece o contato físico, é tiro livre indireto. A trava da chuteira acerta o ombro e não o rosto, por isso o cartão amarelo. Não caracteriza o jogo brusco grave neste caso", explicou Ruel. Ela comparou o lance com outros similares na Europa — onde, em muitos casos, sequer seria cartão. "Se fosse no peito ou na cabeça, talvez fosse vermelho. Mas no ombro, com a perna em movimento, é risco, não violência intencional".
Expulsão de Bryan Ramírez: justa e necessária
Na 38ª minuto, o atacante equatoriano Bryan Ramírez foi expulso por pisar no tornozelo do zagueiro Fabián Giay. Palmeiras comemorou. Mas Ruel, de novo, defendeu o árbitro: "Foi um movimento de perna claramente intencional, com o pé em posição de corte. O jogador não tentou recuperar a bola — ele tentou parar o movimento do adversário. Isso é faltas graves. Não tem como discutir". Ela destacou que, mesmo em alta altitude, onde o ritmo é mais lento, a exigência de segurança é a mesma. "Se o jogador não tem controle do movimento, ele não deveria estar em campo".
As condições que ninguém esquece: altitude e sem VAR
Quito, a capital do Equador, é um dos poucos estádios no mundo onde a altitude afeta diretamente o desempenho físico. O ar é fino. A respiração pesa. Os jogadores do Palmeiras, acostumados ao nível do mar em São Paulo, pareciam cansados já no segundo tempo. Mas o maior problema foi técnico: nenhuma das três decisões polêmicas foi revisada pelo VAR. Fontes da Bolavip Brasil confirmaram que a equipe de árbitros de vídeo não estava operacional naquele jogo — uma falha operacional da CONMEBOL, que ainda não implementou o sistema em todos os jogos da fase final da Libertadores. "Isso é inadmissível em semifinal", disse Ruel. "Se a decisão é tão crítica, ela precisa ser confirmada. O futebol moderno não pode depender apenas da visão humana em altitude".
O que vem aí: o desafio impossível do Palmeiras
Com o placar de 3 a 0, o Palmeiras precisa vencer por 4 a 0 — sem sofrer — na volta, no Allianz Parque, em São Paulo, na quarta-feira, 29 de outubro de 2025, às 21h30 (horário de Brasília). Se vencer por 3 a 1, o jogo vai para os pênaltis. Se vencer por 2 a 0, é eliminado. "É quase uma missão impossível", afirmou o ex-técnico Muricy Ramalho em entrevista à Rádio Bandeirantes. "O LDU joga bem em casa, tem um time compacto, e o Palmeiras não tem um ataque capaz de fazer quatro gols contra uma defesa organizada, mesmo em casa". O técnico Abel Ferreira, por sua vez, admitiu em coletiva: "Não vamos desistir. Mas precisamos de uma atuação perfeita, e o futebol não é só de perfeição. É de emoção, e hoje a emoção foi deles".
Contexto histórico: a LDU e a Libertadores
Essa é a segunda vez que o LDU Quito chega às semifinais da Libertadores. Em 2009, chegou à final e foi campeão — vencendo o Fluminense. Desde então, nunca mais passou da fase de grupos. Já o Palmeiras, bicampeão em 2020 e 2021, busca o quarto título. A equipe brasileira não perde em casa desde 2022 na competição. Mas o peso da pressão agora é enorme. O técnico da LDU, Gustavo Quinteros, afirmou: "Estamos vivendo um momento histórico. Nossa torcida nunca desistiu. E nós não vamos deixar que o sonho acabe agora".
Frequently Asked Questions
Por que o pênalti foi marcado sem VAR?
A CONMEBOL ainda não implementou o VAR em todas as partidas da fase final da Libertadores. Na partida entre LDU e Palmeiras, a equipe de vídeo não estava ativa por decisão operacional da entidade. Isso gerou críticas de especialistas, que afirmam que decisões tão críticas em semifinais precisam de confirmação técnica. A arbitragem de campo, com o árbitro argentino Facundo Tello, decidiu por observação direta — e, segundo Renata Ruel, acertou no critério de braço aberto e interferência.
O amarelo para Flaco López foi injusto?
Não. Segundo Renata Ruel, o lance foi de jogo perigoso, mas não de violência intencional. A chuteira atingiu o ombro de Gruezo, não o rosto ou pescoço — áreas que justificariam vermelho. O padrão atual da FIFA permite amarelo em chutes elevados que causam contato acidental, especialmente em alta altitude, onde o controle motor é reduzido. Em jogos da Premier League, lances similares também resultam apenas em cartão amarelo.
O que significa para o Palmeiras perder por 3 a 0 fora de casa?
É o pior cenário possível. O Palmeiras precisa vencer por 4 a 0 sem sofrer — algo que só aconteceu duas vezes na história do clube em jogos da Libertadores. A equipe tem um ataque forte, mas a defesa está vulnerável. Além disso, o LDU tem um time compacto, com Gruezo e Ramírez controlando o meio. A pressão psicológica é imensa: o estádio em Quito já foi um pesadelo para times brasileiros, como o Corinthians em 2016.
Renata Ruel tem autoridade para julgar essas decisões?
Sim. Ela foi coordenadora da arbitragem da CBF entre 2017 e 2019, participou de treinamentos da FIFA e é consultora oficial da ESPN Brasil desde 2020. Sua análise é baseada em protocolos da IFAB e em centenas de jogos revisados. Ela não é torcedora — é técnica. E, em todos os lances da partida, sua avaliação coincidiu com o que o árbitro fez. Isso não significa que ela é infalível, mas que sua análise é a mais consistente disponível no Brasil.
A altitude realmente afeta o desempenho dos jogadores?
Sim, e de forma significativa. A 2.850 metros, o nível de oxigênio é cerca de 30% menor que no nível do mar. Jogadores do Palmeiras, acostumados a São Paulo (800 metros), tiveram frequência cardíaca 20% mais alta nos primeiros 30 minutos. Estudos da Universidade de São Paulo mostram que, em jogos nessa altitude, a capacidade de recuperação entre lances cai em até 40%. Isso explica por que o Palmeiras perdeu ritmo no segundo tempo — e por que o LDU, treinado especificamente para isso, controlou o jogo.
O que acontece se o Palmeiras vencer por 3 a 1?
O jogo vai para os pênaltis. O placar agregado seria 3 a 3, e como o LDU marcou mais gols fora de casa (3 a 0), o critério de gol marcado fora não se aplica na final da Libertadores — apenas na semifinal. Nesse caso, a decisão é por pênaltis. O Palmeiras tem um histórico sólido nos pênaltis: venceu os de 2020 contra o River Plate e em 2021 contra o Santos. Mas o LDU também tem bons cobradores — e a pressão de um estádio lotado em Quito pode ser decisiva.