Ambipar ganha liminar no RJ e bloqueia cobrança de US$ 120 mi
out, 9 2025
Quando Ambipar Participações e Empreendimentos SA, listada na B3 sob o ticker AMBP3, conseguiu uma liminar da 12ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro na quinta‑feira, 25 de setembro de 2025, o mercado percebeu que a disputa sobre sua dívida poderia mudar o rumo de toda a cadeia de crédito ambiental no Brasil.
Antecedentes e contexto do mercado
A Ambipar, líder em serviços ambientais com receita de R$ 4,2 bi em 2024, enfrentava pressão crescente de credores internacionais. A partir do início de setembro, Deutsche Bank AG exigiu garantias adicionais para os empréstimos já concedidos, despertando temores de cláusulas de cross‑default.
Ao mesmo tempo, Banco Santander Brasil S.A. enviou notificação para quitação antecipada de US$ 120 mi, com prazo até a própria quinta‑feira. Essa soma representa quase 35 % do total de empréstimos externos da companhia. Os bonds da empresa caíram para 45 centavos do dólar, refletindo o nervosismo dos investidores.
O cenário não é isolado. Segundo a consultoria Bnamericas, mais de 1.850 empresas já entraram com pedidos de recuperação judicial em 2025, número recorde que inclui várias firmas do setor de gestão de resíduos, penalizadas por custos regulatórios e volatilidade cambial.
Detalhes da decisão judicial
A petição de urgência foi protocolada na manhã de 25/09/2025, alegando risco de colapso financeiro e acionamento de cláusulas de inadimplência cruzada. O juiz da 12ª Vara Empresarial, cujo nome não foi divulgado, concedeu a liminar na tarde do mesmo dia, suspendendo todas as execuções, cobranças e garantias por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30 dias.
O provimento abrange também as subsidiárias Ambipar Soluções Ambientais Ltda. e Ambipar Response International LLC. A proteção judicial cobre o período de 25/09/2025 a 24/10/2025, podendo ser estendida até 23/11/2025 caso os credores não cheguem a acordo.
Reações das partes envolvidas
O presidente da Ambipar, Wesley Torres, afirmou que a medida "preserva a liquidez necessária para continuar operando e negociando com nossos parceiros". Para o Santander, a exigência de pagamento antecipado era "uma prática padrão diante do aumento do risco de crédito".
Já o representante do Deutsche Bank, que preferiu permanecer anônimo, disse que a empresa continuará monitorando a situação e que "as garantias extras são fundamentais para manter a exposição sob controle".
Analistas do mercado, como o Carlos Mello, senior analyst da Bnamericas, destacaram que a ação judicial ilustra a vulnerabilidade de companhias mid‑cap brasileiras que dependem de dívida em dólares.
Impactos financeiros e operacionais
- Liquidez imediata preservada em cerca de US$ 350 mi, suficiente para honrar compromissos de curto prazo.
- Ações da AMBP3 subiram 22 % no pregão de 26/09/2025, embora os títulos de dívida ainda negociem com alta volatilidade.
- Mais de 12.500 funcionários no Brasil e 8.200 no exterior ficam temporariamente protegidos de interrupções nos serviços.
- Fornecedores e prefeituras que mantêm contratos de coleta e tratamento de resíduos podem enfrentar atrasos caso a empresa não renegocie suas dívidas.
Se a liminar não for renovada e as negociações falharem, a Ambipar pode ter que entrar com pedido de recuperação judicial, o que normalmente desencadeia um processo de reestruturação que afeta credores, clientes e investidores.
Próximos passos e perspectivas
O acordo com credores deve ser concluído até 24/10/2025, data limite da primeira fase da liminar. Caso as partes não cheguem a um consenso, o juiz avaliará a prorrogação por mais 30 dias. Uma das apostas dos analistas é que a Ambipar buscará um refinanciamento em dólares, possivelmente envolvendo novos fundos de private equity.
Enquanto isso, o clima de crédito no Brasil permanece apertado. A expectativa é que outras empresas do setor de resíduos solicitem medidas semelhantes, especialmente se a moeda continuar a se desvalorizar frente ao dólar.
Perguntas Frequentes
Como a liminar afeta os funcionários da Ambipar?
A medida judicial garante que os salários e benefícios de cerca de 20.700 trabalhadores — 12.500 no Brasil e 8.200 no exterior — não sejam interrompidos enquanto a empresa renegocia suas dívidas. Assim, a operação dos serviços de coleta e resposta a emergências permanece estável.
Qual a diferença entre a cobrança do Santander e a exigência do Deutsche Bank?
O Santander enviou um pedido de pagamento antecipado de US$ 120 mi, exigindo que a Ambipar quitasse a dívida quase que imediatamente. Já o Deutsche Bank pediu garantias adicionais para os empréstimos existentes, sem fixar um valor exato, mas criando risco de cláusulas de default se não fossem atendidas.
O que pode acontecer se a liminar não for renovada?
Sem a prorrogação, credores poderiam retomar execuções, bloqueios de contas e até iniciar processos de falência. Isso colocaria em risco a continuidade das operações da Ambipar e poderia gerar perdas significativas para investidores e fornecedores.
Como a situação da Ambipar reflete o cenário de crédito no Brasil?
O caso ilustra a vulnerabilidade de empresas mid‑cap que têm dívida em dólares e dependem de financiamento estrangeiro. A desvalorização do real e o aumento das taxas de juros internacionais elevaram o custo da dívida, levando a mais pedidos de liminares e reestruturações.
Quais são as perspectivas de longo prazo para a Ambipar?
Se conseguir renegociar ou refinanciar sua dívida, a Ambipar pode manter sua posição de liderança no setor ambiental. Caso contrário, a empresa pode entrar em recuperação judicial, o que traria impactos negativos para seus contratos com municípios e para a confiança dos investidores.
Maria Daiane
outubro 9, 2025 AT 02:04Ao observar a liminar concedida, percebe‑se que o mecanismo de proteção judicial pode servir como amortecedor temporário para empresas que carregam dívida em dólares. Essa estratégia, embora paliativa, evita que a execução imediata desencadeie um efeito dominó nos credores e nos contratos operacionais. O ponto crucial está na preservação da liquidez, que permite à Ambipar manter os pagamentos de salários e serviços críticos. No panorama mais amplo, a medida sinaliza ao mercado que a regulação financeira ainda tem margem para intervenções calibradas. Assim, a confiança dos investidores pode ser mitigada, ao menos nos próximos 30 dias.
Jéssica Farias NUNES
outubro 20, 2025 AT 06:52Claro, porque nada diz “responsabilidade corporativa” como pedir US$ 120 mi num piscar de olhos e depois se esconder atrás de um pedaço de papel. É fascinante ver como grandes bancos jogam o “jogo da culpa” enquanto os trabalhadores ficam à margem. A liminar parece mais um truque de ilusionismo jurídico do que uma solução séria. Se a Ambipar realmente quisesse salvar o planeta, deveria priorizar a sustentabilidade financeira antes de arrastar o contribuinte para a roda‑giga. Mas, afinal, quem sou eu para questionar as “práticas padrão” dos credores?
Elis Coelho
outubro 31, 2025 AT 11:40A verdade oculta está nos bastidores do sistema bancário global que manipula dívidas para controlar empresas estratégicas. A liminar não é neutra; ela representa o ponto de pressão onde a elite financeira impõe suas condições de soberania. Cada cláusula de cross‑default se torna um mecanismo de vigilância econômica. Não é coincidência que o Deutsche Bank exija garantias adicionais enquanto o Santander avança com cobrança agressiva. Essa jogada revela um padrão de coerção que vai além do simples risco de crédito. O público deve compreender que a crise de liquidez pode ser premeditada por interesses ocultos. Por isso, a atenção ao detalhe legal é fundamental para impedir que se estabeleça um precedente perigoso.
Camila Alcantara
novembro 11, 2025 AT 16:28É vergonhoso ver uma empresa brasileira ser tratada como recurso descartável por bancos estrangeiros que não entendem a nossa fibra nacional. A Ambipar, apesar de toda a burocracia, ainda representa o coração verde do país, e não merece ser engolida por juros abusivos. Quando os credores chegam com exigências de pagamento imediato, é hora de levantar a bandeira e defender nosso suprimento de serviços ambientais. Não vamos permitir que capitais externos decidam o futuro da gestão de resíduos no Brasil. A nossa soberania econômica deve prevalecer sobre dívidas anotadas em dólares, que são apenas números frios comparados à nossa garra.
Lucas Lima
novembro 22, 2025 AT 21:16O cenário apresentado pela liminar da Ambipar traz à tona uma série de reflexões sobre a interdependência entre o setor privado e as políticas públicas de gestão de resíduos. Primeiro, a preservação da liquidez demonstra que, mesmo em momentos de alta volatilidade cambial, há margem para negociação entre credores e devedores. Segundo, a proteção judicial concedida por 30 dias oferece um respiro que pode ser decisivo para a continuidade dos serviços essenciais à população. Terceiro, os trabalhadores da empresa são diretamente beneficiados, pois seus salários permanecem garantidos durante o período crítico. Quarto, os municípios que dependem da coleta e tratamento de resíduos evitam interrupções que poderiam gerar graves impactos sanitários. Quinto, a confiança dos investidores pode ser restaurada se houver transparência nas renegociações de dívida. Sexto, a ambição de buscar um refinanciamento em dólares deve ser acompanhada por uma estratégia robusta de hedge cambial. Sétimo, a participação de fundos de private equity pode trazer capital, mas também exige governança rigorosa. Oitavo, o caso evidencia que a regulação judicial ainda tem papel ativo na mediação de crises corporativas. Nono, outras empresas do setor podem observar este precedente e procurar medidas preventivas semelhantes. Décimo, a dinâmica de crédito no país está apertada, o que pressiona ainda mais as companhias a reverem seus modelos de endividamento. Décimo primeiro, a volatilidade dos títulos de dívida continuará a refletir as percepções de risco até que acordos sólidos sejam firmados. Décimo segundo, o apoio institucional do Banco Central pode ser fundamental na facilitação de linhas de crédito alternativas. Décimo terceiro, a comunicação clara com acionistas e parceiros comerciais evita rumores que podem desestabilizar ainda mais os preços das ações. Décimo quarto, a comunidade de analistas deve monitorar de perto os indicadores de liquidez da Ambipar nos próximos meses. Décimo quinto, em última análise, a capacidade da empresa de se adaptar a esse cenário complexo será determinante para seu posicionamento futuro no mercado. Por fim, é importante reconhecer que a sustentabilidade financeira e ambiental caminham lado a lado, e que decisões judiciais como esta podem ser ponte entre ambos os objetivos.