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Gabriel Boschilia decide: Operário-PR vence o América-MG e respira na Série B

Gabriel Boschilia decide: Operário-PR vence o América-MG e respira na Série B set, 8 2025

Um chute no ângulo, um suspiro coletivo

Cinco jogos sem vencer, pressão nas arquibancadas e clima de decisão em Ponta Grossa. Bastou um lance para virar a chave. Aos 5 minutos, Gabriel Boschilia pegou de primeira, de esquerda, e colocou a bola no ângulo. O 1 a 0 sobre o América-MG, no Germano Krüger, não foi só um placar: foi a noite em que o Operário-PR reencontrou o próprio jogo e respirou na Série B.

O roteiro favoreceu o Fantasma desde cedo. Com a vantagem, o time controlou o ritmo e explorou os espaços deixados pelo América. Boschilia, camisa 10 e farol criativo, comandou as jogadas. O goleiro Matheus Mendes, do Coelho, evitou que a partida virasse passeio com pelo menos três intervenções importantes em finalizações do meia, que alternou chutes de média distância com infiltrações na área.

Quando não era o camisa 10 concluindo, ele articulava. Em uma das melhores chances posteriores ao gol, Boschilia encontrou Daniel Amorim na medida. O centroavante subiu bem e testou firme, mas a bola explodiu no travessão, num lance que levantou o estádio e deu o tom da noite: o Operário estava mais leve e confiante, ainda que precisasse matar o jogo.

Do outro lado, o América-MG tentou responder com posse e presença no campo ofensivo, mas esbarrou na marcação mais compacta do Operário e em escolhas apressadas no terço final. O Coelho até rondou a área, porém parou em finalizações travadas e cruzamentos previsíveis. Quando conseguiu acertar o alvo, a defesa alvinegra e o goleiro seguraram a bronca sem sustos prolongados.

Os ajustes de Bruno Pivetti apareceram nos detalhes. O time marcou em bloco médio, encurtou espaços por dentro e acelerou as transições assim que recuperava a bola. Boschilia flutuou entre as linhas, recebeu de frente várias vezes e deu a cadência certa: alternou momentos de pausa com arranques para acelerar a última bola. Funcionou. O resultado encerra a sequência negativa e afasta a equipe da zona de rebaixamento, algo que, para quem vinha sob pressão, vale tanto quanto os três pontos.

Não foi um lampejo isolado do camisa 10. Boschilia é o artilheiro do Operário na temporada, com sete gols, e vem de atuação de destaque também na Copa do Brasil, contra o Vasco, na quinta-feira. Mantém regularidade, decide em jogos grandes e entrega volume de jogo — liderança técnica que sustenta o time em dias bons e ruins.

  • Gol cedo que mudou o cenário: finalização no ângulo, sem chance para o goleiro.
  • Três defesas de Matheus Mendes em chances claras criadas por Boschilia.
  • Travessão de Daniel Amorim em cruzamento preciso do camisa 10.
  • Controle emocional do Operário para segurar a vantagem até o fim.

O que fica da noite? Eficiência. O Operário não precisou de um bombardeio para vencer. Criou as melhores oportunidades, foi mais direto e leu bem o jogo. Quando o ritmo caiu, a equipe baixou as linhas sem perder a organização. Isso reduziu os riscos e manteve o América longe das zonas mais perigosas do campo. Foi uma atuação de quem entendeu o momento da competição e jogou de forma prática.

Para o América-MG, a derrota expõe um problema comum em jogos fora de casa: transformar posse em chance clara. Faltou capricho no último passe e variação nas jogadas pelos lados. A equipe produziu, mas não soube ferir. Volta para Belo Horizonte com lições para ajustar a criação e evitar que o adversário dite o ritmo tão cedo.

Próximo passo e a conta do acesso

O calendário não dá folga. No próximo domingo, às 18h30, o Operário encara o Cuiabá na Arena Pantanal. É a chance de engatar sequência, ganhar distância do Z-4 e, aos poucos, olhar para o G-4 com mais do que esperança. Para isso, Pivetti deve insistir no que funcionou: time compacto, transição rápida e liberdade para o camisa 10 decidir onde mais machuca — entre as linhas.

Individualmente, Boschilia chega a uma fase em que os números contam a história, mas o impacto vai além. Ele se oferece para o jogo, pede a bola apertada e escolhe melhor as jogadas. Quando a equipe precisa de respiro, segura; quando pede aceleração, acelera. Essa leitura, somada à boa forma física, explica por que ele se mantém como a referência técnica do elenco.

Há, claro, pontos para ajustar. O Operário ainda perde chances que podem custar caro em jogos equilibrados e precisa matar partidas quando domina o placar e o ambiente. Na bola parada defensiva, atenção redobrada: o América ganhou algumas primeiras bolas em cruzamentos, algo que adversários podem explorar.

No Germano Krüger, a vitória foi também da arquibancada. A torcida entrou junto desde o início, vibrou com cada desarme e empurrou o time nos momentos de pressão. Esse ambiente pesa, especialmente em Série B, onde detalhes definem campanhas. Quando casa e campo falam a mesma língua, o resultado tende a vir.

Se a noite foi do Operário, ela teve nome e sobrenome. Com gol, volume e liderança, Boschilia não só encerrou um jejum de cinco jogos sem vitória como afirmou, mais uma vez, qual é o caminho do time: intensidade com bola, disciplina sem bola e confiança no jogador que decide. O resto, como se viu, vem no placar.