Áudio do VAR revela polémica sobre gol anulado do Fluminense contra o Mirassol

Quando Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou o áudio do VAR, todos os olhos se voltaram para o Caio Max Augusto Vieira, assistente de arbitragem, e para o árbitro principal Rodrigo José Pereira de Lima. O incidente aconteceu na 13ª rodada do Campeonato Brasileiro Série A 2025, quando o atacante José Pedro Fernández González, conhecido como Lucho González, marcou um gol anulado que acabou sendo invalidado. O áudio, gravado às 21:30 do dia 8 de outubro no Estádio José Maria de Campos Maia, mostra o assistente dizendo “Não pega na bola”. Apesar da declaração, o árbitro anulou o gol alegando impedimento. A Fluminense Football Club já anunciou recurso ao STJD, enquanto o Mirassol Futebol Clube saiu com três pontos.
Contexto da partida e decisão do VAR
O Fluminense chegava ao duelo precisando de pontos para deixar a zona de queda, enquanto o Mirassol, surpreendente nas primeiras rodadas, buscava consolidar a 6ª posição. No primeiro tempo, o Mirassol abriu o placar aos 22 minutos, e o Tricolor pressionava, criando oportunidades que culminaram no lance da 67ª minuto. A torcida tricolor, já agitada, esperava ver o placar ser equilibrado.
Com o gol de Lucho, a partida parecia mudar de rumo. Mas o VAR entrou em ação. O áudio publicado pela CBF mostrou o assistente Caio Max afirmar categoricamente que o jogador "não toca na bola". Ainda assim, o árbitro Rodrigo José Pereira de Lima, seguindo o protocolo, verificou o posicionamento do atacante e decidiu anular a marcação por impedimento, citando um deslocamento de 0,17 segundos detectado pelos sensores Hawk‑Eye.
Detalhes da comunicação do VAR
O registro de áudio, disponibilizado às 09:00 do dia 9 de outubro, tem duração de 12 segundos. Nele, Caio Max declara: "Não pega na bola, ele não toca na bola. O braço dele está colado ao corpo, não houve movimento. É gol." Poucos segundos depois, o árbitro responde: "Aguarde análise de impedimento, estou verificando a posição.”
A CBF, em nota oficial, argumentou que a decisão se baseou no relatório técnico que aponta que o atacante "estava em posição irregular no momento do chute inicial". O relatório menciona ainda que o sistema Hawk‑Eye, certificado pelo IFAB em janeiro, tem 99,87% de precisão em detecção de impedimentos.
Curiosamente, o áudio não traz nenhuma menção ao impedimento, apenas à suposta falta de toque. Essa desconexão acabou alimentando o debate sobre a aplicação correta dos protocolos da IFAB, especialmente o Artigo 7, que exige intervenção do VAR somente em casos de erro claro e óbvio.

Reações de especialistas e torcedores
Renato Augusto Rizek, analista da Seleção Sportv (Grupo Globo), classificou a situação como "excesso de intervenção". Em entrevista ao site da Globo, ele explicou: "O árbitro de campo tinha a decisão correta para validar o gol, mas o VAR forçou revisão por detalhe imperceptível, violando o princípio da não interferência em lances subjetivos."
Já o canal "Sentimento Tricolor", comandado por Eduardo Silva, destacou que o áudio comprova um "erro técnico grave do VAR". O vídeo, que já ultrapassou 127 mil visualizações, provocou uma enxurrada de comentários indignados, muitos pedindo maior transparência nos processos de revisão.
Nas redes sociais, a "Nação Tricolor" organizou uma manifestação na sede da CBF, em Barra da Tijuca, para o dia 11 de outubro, com estimativa de 5 mil torcedores. A polícia divulgou que a demonstração será pacífica, mas advertiu contra possíveis tumultos.
Impacto no Campeonato e possíveis recursos
Com a derrota, o Fluminense permanece com 18 pontos, ocupando a 9ª colocação, enquanto o Mirassol avançou para 20 pontos, na 6ª posição. O treinador do Fluminense, Abel Braga, já manifestou que o clube "não vai aceitar passivamente" a decisão e está preparando um recurso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O diretor de futebol, Mário Bittencourt, enviou comunicado oficial às 15:20 do dia 9 de outubro, anunciando que o clube analisará minuciosamente o áudio e recorrerá até às 18h do dia 11 de outubro, caso comprove má-fé na interpretação técnica.
O Comitê Técnico de Arbitragem da CBF, presidido por Leandro Pedro Vuaden, marcou uma sessão de revisão obrigatória para o dia 12 de outubro, às 10h, na sede da entidade. A reunião deve avaliar não apenas o caso Fluminense‑Mirassol, mas também as controvérsias ocorridas nas rodadas 5 e 8, envolvendo o Sport Recife e o Atlético Mineiro.

Próximos passos da CBF e do STJD
Além da revisão interna, a CBF pode solicitar ao IFAB um parecer sobre o funcionamento dos sensores Hawk‑Eye, já que a margem de 0,17 segundos foi decisiva para a anulação. Caso o STJD decida anular o resultado, o Fluminense poderia ganhar dois pontos adicionais, alterando a tabela.
Para os espectadores, o caso serve de alerta: a tecnologia está cada vez mais presente, mas ainda depende de interpretação humana. Como apontou Renato Augusto Rizek, "a verdade está na transparência" – algo que ainda falta na relação entre CBF, árbitros e torcedores.
Perguntas Frequentes
Como a decisão do VAR afetou a posição do Fluminense no campeonato?
A anulação manteve o Fluminense com 18 pontos, mantendo‑o na 9ª colocação, enquanto o Mirassol subiu para 20 pontos e a 6ª posição. Um eventual acerto no STJD poderia render dois pontos ao Tricolor, alterando a disputa pela zona de classificação para a Libertadores.
Qual foi o argumento da CBF para manter a anulação?
Segundo o relatório técnico divulgado às 11:45 do dia 9/10, o árbitro utilizou dados do sistema Hawk‑Eye, que indicou um deslocamento de 0,17 segundos que caracterizaria impedimento. A CBF ressaltou que a decisão seguiu o protocolo de revisão de impedimentos, apesar da fala do assistente de VAR.
O que dizem os especialistas sobre a atuação do VAR neste caso?
Renato Augusto Rizek, da Globo, opinou que o VAR "errou por excesso", interferindo em um lance que não apresentava erro claro. O analista destacou que a intervenção violou o Artigo 7 da IFAB, que pede que o VAR atue apenas quando houver erro evidente.
Quais são os próximos passos legais do Fluminense?
O clube já enviou recurso ao STJD, com prazo até 18h do dia 11 de outubro. Caso seja aceito, a partida pode ser reavaliada e o gol validado, garantindo pontos ao Tricolor. Caso rejeitado, a decisão da CBF permanecerá.
Esse é o primeiro caso de controvérsia com o Hawk‑Eye no Brasileirão?
Não. O campeonato já registrou duas controvérsias envolvendo o mesmo sistema nas rodadas 5 (Sport Recife × Bahia) e 8 (Atlético Mineiro × Internacional). Em ambos, dúvidas sobre a precisão dos sensores geraram discussões sobre a aplicação do VAR.
Eduarda Antunes
outubro 11, 2025 AT 03:47A situação do gol anulado deixa a gente pensando em como o futebol evoluiu tecnologicamente. Quando o VAR entra em campo, a intenção é corrigir erros claros, não criar novas controvérsias. O áudio divulgado mostra que o assistente viu o lance como "não toquei", o que deveria ter pesado a favor do gol. Por outro lado, o árbitro tem a palavra final e usou o sensor Hawk‑Eye para justificar o impedimento. Essa divergência expõe uma falha de comunicação entre o centro de revisão e o apito no gramado. Os clubes precisam de transparência nos critérios que definem o que é “erro claro”. Se a CBF não explicar como 0,17 segundo foi medido, a confiança dos torcedores cai ainda mais. O Fluminense tem todo o direito de recorrer, pois o recurso é a ferramenta que o regulamento oferece para corrigir possíveis injustiças. No caso do Mirassol, eles também merecem saber por que o gol foi invalidado, mesmo com a declaração do assistente. O debate entre técnicos, analistas e árbitros costuma girar em torno da margem de erro aceitável. Estudos mostram que sensores podem variar alguns milissegundos, o que abre espaço para interpretações diferentes. Quando essas diferenças mudam o resultado de uma partida, a pressão sobre a federação aumenta. Acredito que a CBF deva abrir um comitê independente para revisar esses casos e publicar um relatório detalhado. Isso ajudaria a educar a torcida e a diminuir as manifestações nas ruas. Enquanto isso, os jogadores continuam em campo dando o seu melhor, e é isso que realmente importa para o esporte.
Maria Daiane
outubro 12, 2025 AT 14:53O protocolo padrão do VAR estipula que a decisão de impedimento só ocorre após análise de múltiplas câmeras e validação do algoritmo, porém no caso em questão o assistente já havia sinalizado "não há toque".
Essa divergência poderia ser mitigada com um checklist de verificaçao em tempo real, evitando a sobreposição de instruções entre o centro de operações e o árbitro de campo.