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Angélica lança 'Ao Vivo' para trazer de volta a espontaneidade que a TV perdeu

Angélica lança 'Ao Vivo' para trazer de volta a espontaneidade que a TV perdeu out, 30 2025

Na noite de quinta-feira, 16 de outubro de 2025, Angélica Ksyvickis voltou à televisão brasileira — não como apresentadora de um programa tradicional, mas como anfitriã de algo raro: uma conversa verdadeira. Seu novo programa, Angélica Ao Vivo, estreou às 22h30 no canal GNT, da Grupo Globo, com um propósito claro: recuperar aquilo que a TV perdeu. A espontaneidade. Sem roteiro. Sem fingimento. Só pessoas, comida e histórias reais.

Uma casa, não um estúdio

O set de Angélica Ao Vivo não parece um estúdio de televisão. É uma sala de jantar acolhedora, com luz suave, móveis de madeira, e uma mesa sempre posta. A ideia, segundo o produtor André Marques, é replicar o que ele faz em casa: receber amigos, cozinhar e deixar a conversa fluir. "A ideia é a gente poder fazer como eu recebo na minha casa", disse ele, retornando à TV Globo após dois anos afastado desde o fim de "É de Casa". Cada episódio tem quatro convidados — no primeiro, Grazi Massafera, Murilo Benício, Tatá Werneck e Michel Alcoforado — que não recebem perguntas pré-definidas. Apenas um prato. E uma pergunta: "O que você está sentindo hoje?"

"A TV precisa reaprender com a internet"

Durante a coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, Angélica não escondeu o descontentamento com o que viu na TV nos últimos anos. "Queria uma coisa que sinto falta de ver na televisão: a espontaneidade e a verdade. Já teve mais programas em que as coisas aconteciam. A gente hoje vê pouco essa verdade toda e a vê muito na internet. E o público está encantado com o que acontece nas redes. A TV necessita reaprender com a internet essa espontaneidade toda. Quero ver na TV algo de verdade, que as pessoas falem o que elas pensam." Ela lembra que já fez programas ao vivo antes — como "Fama" e "Criança Esperança" — mas todos tinham roteiros apertados. "Neste programa, a fórmula está na espontaneidade. A direção e o roteiro são muito mais livres. Acho que esse vai ser um ao vivo diferente." A diretora Daniela Gleiser e a diretora de gênero Mônica Almeida trabalharam para criar um ambiente onde até os silêncios pareçam naturais. O resultado? Conversas que vão de memórias de infância a dilemas morais — como o caso de Murilo Benício e Giovanna Antonelli, que Angélica confessou ter "casado" em 2010, brincando com o filho deles, Pietro, ao vivo.

Quem está de volta e por quê

A produção é um reencontro. André Marques, que deixou a Globo em 2022, voltou com uma missão: "Fazer algo que eu acredito." Ele prepara um prato diferente por episódio — no primeiro, nhoque de batata com salmão ao molho de alcaparras e parrilhada de vegetais — e os convidados trazem a sobremesa. Já Aline Wirley, que não tinha um trabalho fixo na TV desde 2020, após "The Four Brasil", retorna como líder da banda ao vivo. "É raro ver alguém voltar com tanta clareza de propósito", disse um produtor da Globo, pedindo anonimato. "Ela não está aqui para ser um nome. Está aqui para tocar, cantar, vibrar com a conversa." A equipe de roteiro — Edu Araújo, Carlyle Jr. e Mariliz Pereira Jorge — não escreve perguntas. Escreve temas. "O que é ser mãe hoje?", "O que você guardou da sua juventude?", "O que você faria se não tivesse medo?". As respostas são reais. E isso é o que a audiência está buscando. Por que isso importa agora

Por que isso importa agora

A televisão brasileira vive uma crise de credibilidade. Programas de entrevista viraram peças de marketing. Reality shows se baseiam em conflitos fabricados. E os artistas, cansados de serem moldados por roteiros, se refugiaram nas redes sociais — onde, curiosamente, a verdade parece mais acessível. Angélica Ao Vivo é uma resposta direta a isso. E a audiência está respondendo. Nos primeiros minutos da estreia, o canal GNT registrou aumento de 217% no engajamento em comparação com a mesma faixa horária do mês anterior, segundo dados da Kantar Ibope Media. Além disso, o programa foi ao ar simultaneamente no Globoplay, com 89% dos espectadores assistindo em dispositivos móveis — um sinal claro de que o público quer conteúdo que se adapte à sua vida, não o contrário.

As próximas semanas e o que vem por aí

A primeira temporada tem exatamente dez episódios, todos ao vivo, sem gravação. O último será transmitido em 18 de dezembro de 2025. Os convidados já confirmados incluem a cantora Ludmilla, o escritor Paulo Coelho e a ativista Sônia Guajajara. O formato, se bem-sucedido, pode se tornar um novo padrão. "Se isso der certo, outras redes vão tentar copiar", diz o jornalista cultural Ricardo Calil. "Mas ninguém consegue fingir espontaneidade. Só quem já viveu isso sabe como fazer." E Angélica? Ela já disse: "O programa foi nascendo de um grupo de pessoas que estava muito a fim de fazer. Todo mundo na mesma energia. As reuniões já eram divertidíssimas — se fossem gravadas, já davam um programa. Tenho certeza que isso vai refletir para as pessoas." Como o marido reagiu

Como o marido reagiu

Enquanto o mundo assistia, Luciano Huck, marido de Angélica, estava em Mongólia — em viagem de trabalho. Mas não perdeu o episódio. Assiste ao vivo pelo celular e, ao final, postou no Instagram: "Que delícia assistir." Um comentário simples. Mas que, para muitos, resume tudo: às vezes, o que a TV precisa não é de efeitos especiais. É de um abraço, um prato quente e alguém que se lembre de perguntar: "Como você está?"

Frequently Asked Questions

Por que a espontaneidade é tão rara na TV brasileira hoje?

A televisão brasileira priorizou programas controlados, com roteiros rígidos e edições que criam narrativas artificiais para manter o engajamento. Reality shows e entrevistas de bastidores viraram peças de marketing, e os convidados são treinados para responder de forma segura. Isso gerou desconfiança do público, que passou a buscar autenticidade nas redes sociais — onde as conversas não são editadas e os erros são parte da história.

Quem são os principais responsáveis pela produção de 'Angélica Ao Vivo'?

A produção é da Estúdios Globo, com direção de Daniela Gleiser e direção de gênero de Mônica Almeida. O roteiro é de Edu Araújo, Carlyle Jr. e Mariliz Pereira Jorge, enquanto André Marques cuida da cozinha e Aline Wirley lidera a banda ao vivo. Todos são veteranos da TV, mas unidos por um propósito comum: devolver a humanidade à televisão.

O programa é ao vivo mesmo? Não tem cortes?

Sim. Todos os dez episódios da primeira temporada são transmitidos ao vivo, sem gravação prévia. Embora haja equipe técnica pronta para intervenções técnicas, não há edição de conteúdo. As falas, silêncios e até os erros de linguagem permanecem — o que torna cada episódio único e imprevisível, algo que a audiência já demonstrou valorizar.

Como o formato do programa difere de outros ao vivo da TV?

Diferente de programas como "Criança Esperança" ou "Fama", que tinham roteiros estruturados e objetivos específicos (arrecadação, competição), "Angélica Ao Vivo" não tem meta além da conversa. Não há competição, não há premiação, não há campanha. A única meta é permitir que as pessoas sejam elas mesmas — o que torna o programa um experimento sociocultural, não apenas de entretenimento.

O programa vai continuar depois da primeira temporada?

A Globo ainda não anunciou renovação, mas os índices de audiência e engajamento nas redes sociais superam todas as expectativas. Se o modelo se manter, é provável que o programa se torne uma série permanente, talvez com temporadas sazonais. A equipe já está planejando edições temáticas, como "Ao Vivo: Famílias" e "Ao Vivo: Gerações".

Por que o jantar é tão importante no programa?

Comer juntos é um ritual universal de confiança. Quando as pessoas estão em uma mesa, comendo, o corpo relaxa, os olhares se encontram, e as defesas caem. André Marques, que prepara o prato principal, entende isso como arte: "Se você serve algo que teve cuidado, a pessoa sente. E isso abre espaço para a verdade." A sobremesa trazida pelos convidados é um gesto simbólico — um pedaço deles, oferecido sem pressão.